Muitos fantasiados
como as famosas personagens criadas por Roberto Gómez Bolaños,
o "Chaves",
centenas de mexicanos aguardaram por horas em uma longa fila para poder
participar das homenagens que o comediante falecido receberá
neste domingo, 30, no Estádio
Azteca. "Era como um irmão, como um tio, como um pai. Por
isso viemos aqui para nos despedir dele", declara Esteban Chávez, um dos
muitos fãs de Bolaños.
O caixão com o corpo
de Bolaños será levado para o estádio, que pertence à rede Televisa, para onde
o comediante trabalhou boa parte de sua carreira. Depois de uma cerimônia
religiosa realizada na presença de políticos e artistas, o caixão será levado
de volta para os estúdios da Televisa, onde foi velado na noite de sábado, 29.
Lá, parentes, amigos e colegas de trabalho participarão de uma missa privada e
fechada à imprensa.
Estiveram presentes
no velório, além da esposa de Bolaños, a atriz Florinda Meza - a dona Florinda
- e seus seis filhos, outros atores como Edgar Vivar (Seu Barriga) e Carlos
Villagrán (Kiko), que, apesar de ter mantido uma delicada disputa judicial com
o comediante falecido, não deixou de reconhecer sua genialidade.
"Se foi um gênio, um mestre (...) Devo a ele tudo que sei e serei
eternamente agradecido", declarou Villagrán que, junto com María Antonieta
de las Nievas (Chiquinha) disputaram com Bolaños os direitos autorais de suas
personagens. No sábado, 29, Bolaños recebeu um minuto de aplausos no Estádio
Azteca por parte dos torcedores que foram ver a partida entre o América e o
Pumas.
No trajeto do caixão entre sua residência em Cancún e a Televisa, também foi
ovacionado pelas pessoas nas ruas. O legendário comediante morreu na sexta-feira, aos 85 anos, de causas ainda
não divulgadas. Em suas últimas aparições públicas, Bolaños sempre
se deslocava com o auxílio de uma cadeira de rodas.
Ele fez rir gerações de crianças latino-americanas, com personagens
inesquecíveis como 'Chapolin Colorado' e 'Chaves', que usava do humor para
revelar os profundos temores que o assombravam desde criança. Por causa de sua
prolífica escrita, que rendeu roteiros para rádio, televisão, cinema, teatro e
inclusive vários livros, Bolaños foi apelidado por um colega de 'Chespirito',
um pseudônimo que aliava a comparação com o talento do dramaturgo Shakespeare e
um diminutivo que refletia a sua baixa estatura.
Vida
O comediante nasceu
em 21 de fevereiro de 1929 em uma família de classe média da Cidade do México.
Seu pai, um boêmio amante das artes, trabalhou como desenhista e ilustrador
para importantes jornais, mas a vida desregrada provocou sua morte precoce,
quando o pequeno Roberto tinha apenas seis anos.
Quando adolescente,
Bolaños sonhava ser jogador de futebol e se destacou em torneios escolares de
boxe, que disputava escondido da mãe. Aos 22 anos, começou a estudar
engenharia, mas se aventurou a escrever anúncios em uma agência de publicidade
e logo estreou como roteirista em programas de rádio, televisão e cinema que
ganharam fama.
Mais
tarde, aproveitou a ausência de algum ator nas gravações para fazer graça
diante das câmeras, dando os primeiros passos para o comediante que
interpretaria personagens nascidos de sua própria imaginação.
Aos
40 anos, Bolaños estreou na televisão mexicana com o programa
"Chespirito" que, com interpretações diversas, ficou no ar por 25
anos ininterruptos em horário nobre e foi exportado para inúmeros países.
Mas
seu personagem mais celebrado foi 'Chaves', um menino órfão e pobre que vivia
dentro de um barril, em uma vila suburbana, e repetia a frase "foi sem
querer, querendo" para se desculpar de suas travessuras.
Fonte:
G1.