sábado, 23 de novembro de 2013

Insegurança é desafio para carteiros da Capital.


Quinze ruas já deixaram de receber correspondências devido aos constantes assaltos

Insegurança, ruas precárias e assaltos. São as provações que os carteiros de Fortaleza passam para exercer a profissão. Além de todos esses problemas, o Correios foi obrigado apagar uma multa de R$ 152 mil ao Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) por não estar cobrindo todas as áreas da cidade. No total, 15 ruas não receberam as correspondências de forma correta, duas no Bom Jardim e 13 no Siqueira. O pagamento foi efetuado no início deste mês.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) realiza um mapeamento das principais áreas de risco da Capital. O problema é que nem todos os casos de assaltos são relatados pelos carteiros. Fotos: Natinho Rodrigues

A dificuldade no trabalho levou a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) a procurar soluções efetivas. O órgão está fazendo um mapeamento das principais áreas de risco em Fortaleza. "O estudo está sendo feito, mas ainda não foi concluído. É muito complicado, pois os dados não são precisos. Alguns carteiros são assaltados e não relatam", afirma o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares do estado do Ceará (Sintect), Aldenor Ribeiro.

Os constantes assaltos, independentemente da região, são as dificuldades que mais preocupam os profissionais da área. "Antes, isso não acontecia. A gente entrava todos os dias em todas as áreas da cidade. Hoje, seja qual for o bairro, acontece todo tipo de coisa. O respeito pelo carteiro sumiu", relatou Ribeiro.

"Saio todos os dias de manhã porque os assaltos são mais à tarde", explica o carteiro Erasmo Coelho, que cobria a folga de um colega no Parque Jerusalém, no Canindezinho. Com medo, Erasmo sai para fazer as entregas sem o celular. "A gente sempre corre perigo e não pode perder tempo. Quando a casa não tem um número, eu marco a correspondência como devolução".

Decisão coletiva

A mudança do turno dos carteiros no Grande Bom Jardim e adjacências foi uma decisão coletiva da categoria na tentativa de evitar a ação dos ladrões. "O Correios deixou de vir com medo de assaltos. Toda hora estão roubando", diz a aposentada Eliene Sousa, moradora do Parque São Vicente. Lá, a empresa deixou de entregar as correspondências em maio deste ano.

Com os constantes assaltos, as entregas passaram a ser feitas na associação do bairro, que se responsabilizou pela distribuição. "Já foi uma melhora, porque antes o pessoal precisava ir buscar as cartas na agência da Parangaba, mas muitos não tinham o dinheiro para pegar um ônibus", disse o diretor cultural da associação, Erivando Costa.

A entrega das correspondências já foi normalizada, segundo os moradores. Entretanto, cartões de crédito, talões de cheque, encomendas e outros objetos que podem chamar a atenção dos ladrões ainda devem ser buscados na agência que atende o bairro. "A gente achava que os ladrões queriam levar os bens dos carteiros. Mas o que eles queriam eram os cartões", concluiu o mecânico Ivanildo Silva.

Outra prática bastante realizada pelos assaltantes é o roubo de fardamento, como contou o carteiro Gabriel Souza. "Com a farda do carteiro, você tem acesso a bancos, a todo canto. Já aconteceu isso algumas vezes".

Profissional do bairro da Parangaba, o carteiro Rogério Souza também relata dificuldades. A reclamação é a mesma de grande parte dos seus colegas. "A gente já deixou de entregar em um local perto do bairro do Siqueira, no Canindezinho e na Rua São Francisco. Lá era crítico por conta dos assaltos".

Segundo a ECT, a distribuição das correspondências simples foi retomada no dia 6 de agosto nas 15 ruas onde houve a suspensão temporária.

A assessoria do Correios informou que a área de segurança e monitoramento da empresa realiza estudos constantes sobre o tema. "Por se tratar de assunto relacionado à segurança e para preservar seus empregados, a empresa não divulga estatísticas sobre o assunto", destacou.

A empresa afirmou, em nota, que mantém contato permanente com os órgãos de segurança pública estaduais e com a Polícia Federal "para tratar de questões relacionadas à segurança, com vistas a preservar a integridade de seus trabalhadores, dos clientes e das encomendas".

Além da falta de segurança, outras dificuldades enfrentadas pelos carteiros são o mau endereçamento das correspondências e a numeração irregular dos imóveis. Segundo o Correios, os números fora da ordem dificultam a localização pelos carteiros e comprometem a qualidade do serviço postal. Os bairros de Fortaleza com a maior quantidade de ruas com numeração irregular são Vila Velha, Conjunto Ceará e Mondubim, segundo a ECT.

Endereços errados dificultam trabalho

Ruas com numeração irregular ou fora de ordem e vias com vários nomes diferentes são alguns dos problemas enfrentados pelos profissionais

O carteiro Erasmo Coelho diz que o trabalho exige objetividade. "Quando não tem o nome da rua as pessoas me ajudam".

Rua das Trevas

Outro problema comum é o uso de vários nomes para uma mesma rua. No Parque Jerusalém, por exemplo, a rua da aposentada Maria Galdino da Silva tem dois nomes. "Aqui é a Rua Eduardo Mendes, mas a Cagece e a Coelce colocam (nos boletos) Rua Santo Agostinho", explicou. Um funcionário do Correios que não quis se identificar reforça o quanto o problema é comum e cita uma rua com quatro nomes diferentes. "O nome correto é Rua dos Trevos, mas vinha Rua das Trevas, Rua Santiago e Rua São Tiago", disse.

Para evitar demora ou extravios, o Correios ressalta a importância do uso correto do Código de Endereçamento Postal (CEP). "Sem CEP ou com o CEP incorreto, as correspondências e encomendas demandam mais tempo para serem separadas e entregues", explica a assessoria da empresa. Com o código, é possível providenciar a entrega mesmo com nomes de ruas repetidos ou errados. A busca do CEP pode ser feita no site do Correios (www.correios.com.br).

Fonte: Jornal Diário do Nordeste.

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