Duas semanas após o fim do recesso branco na
Assembleia Legislativa, os deputados ainda não retomaram o ritmo das atividades
da Casa. A sessão de ontem começou com mais de dez minutos de atraso, porque
não havia quórum para abrir os trabalhos no horário regimental, às 09h20. A
diretoria do departamento legislativo teve de telefonar para que vários
parlamentares se dirigissem à Assembleia, a fim de evitar que a sessão caísse
pela segunda vez na semana.
As sessões têm acontecido com o número mínimo de parlamentares possível:
é necessário que 16 dos 46 parlamentares registrem a presença para abrir a
sessão. Ontem, menos da metade dos deputados compareceu à sessão. Apesar de 20
terem registrado presença, poucos deputados circulavam no plenário na manhã de
ontem.
Por volta das 10h30, enquanto Dedé Teixeira (PT) se pronunciava na
tribuna, apenas quatro colegas acompanhavam o discurso dele no plenário: Manoel
Duca (PROS), que presidiu a sessão, José Sarto (PROS), Professor Pinheiro
(PROS) e Lula Morais (PCdoB). Uma hora depois, quando Eliane Novais (PSB)
discursava, apenas Manoel Duca e Lula Morais ficaram no plenário.
Na última quarta-feira, dia 15, a sessão foi levantada, porque não havia
número suficiente de deputados na Casa. Na quinta-feira, embora a Casa parecesse
mais movimentada que de costume, pouco mais da metade dos parlamentares- total
de 24 - registrou presença. De acordo com os próprios deputados, as razões para
a ausência vão do desânimo de quem não se reelegeu ao envolvimento com a
campanha para o segundo turno.
Renovação
Na avaliação do deputado Roberto Mesquita (PV), o clima de renovação da
casa legislativa e o segundo turno favorecem a ausência dos parlamentares.
"O ambiente político ainda está muito acirrado. Isso faz com que as
atividades legislativas - que não estão sendo pautadas pelo presidente no
momento, nós não estamos votando requerimentos, não estamos discutindo nas
comissões - faça com que essa evasão momentânea ocorra", apontou Mesquita.
Para Júlio César Filho (PTN), a baixa assiduidade dos deputados nesse
período é natural. "No segundo turno, como é apenas majoritário, estamos
vendo que os parlamentares estão se envolvendo com as campanhas majoritárias e
viajando para o Interior. Eu mesmo vou à região do Cariri, onde recebi votos, falar
com meus apoiadores para pedir votos ao meu candidato", justifica.
Já Sérgio Aguiar (PROS) avalia que a pouca frequência parlamentar seria
consequência da alta renovação da Casa, que terá 24 novos deputados na próxima
legislatura. "Os 24 (parlamentares) que não voltarão têm uma situação
atípica de não estarem estimulados a vir participar das sessões plenárias,
muito embora a gente continue a dizer que os nossos mandatos vão até 31 de
janeiro", apontou.
Responsabilidade
Júlio César, por sua vez, descarta a hipótese do colega. Para ele, os
deputados que não foram reeleitos têm sido mais vistos que os próprios
parlamentares que renovaram os mandatos. Pelo menos dez parlamentares que não
conseguiram se reeleger foram vistos com frequência nas sessões, entre eles os
petistas Dedé Teixeira, Professor Pinheiro e Raquel Marques, além de Lula
Morais (PCdoB), Paulo Facó (PTdoB) e Mário Hélio (PMN).
"Talvez os que foram (reeleitos deputados estaduais), que receberam
muitos votos, tenham uma maior responsabilidade de estar no Interior, nos seus
colégios (eleitorais), para pedir votos para os seus candidatos", apontou
Júlio César. "O que nós temos que tentar fazer é faltar o mínimo possível
para que as matérias que estão tramitando na Casa não tenham nenhum prejuízo",
ponderou.
O deputado Paulo Facó - que tentou uma vaga na Câmara Federal, mas não
se elegeu - rechaçou discorda da teoria de que os deputados que não renovaram o
mandato estejam desestimulados. "No meu caso, muito pelo contrário. Eu
estou com um bocado de projeto para entrar. Estou me organizando para voltar à
tona com toda a força", afirmou.
Para Lula Morais, não há motivo para os parlamentares não estarem
frequentando as sessões. "O mandato vai até 31 de janeiro, não tem
justificativa de não vir. Independentemente de ter sido eleito ou não, nossa
responsabilidade é de estar presente nas sessões", cobrou.
Fonte: Diário do
Nordeste.
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