O Ceará lidera o ranking nacional de
acidentes graves em rodovias federais. É o que apontam os dados da Polícia
Rodoviária Federal (PRF) referentes aos meses de janeiro a setembro deste ano.
Em primeiro lugar na lista das rodovias mais perigosas do País está a BR-222,
no trecho compreendido entre os quilômetros 0 e 10, que registrou 168 acidentes
graves, deixando 204 pessoas gravemente feridas e 14 mortas. Chama atenção que
73% dos acidentes envolvem motos. Colisão traseira, colisão transversal e
atropelamento são os acidentes mais comuns neste intervalo. Eles ocorrem
principalmente nas segundas, quintas e sextas-feiras.
Outras rodovias cearenses consideradas
violentas são as BRs 116 e 020. Ocupando o 16º lugar no ranking nacional, o
trecho com maior número de acidentes da BR-116 se concentra entre os
quilômetros 10 e 20. Nessa extensão, foram registrados 58 acidentes graves,
deixando 58 pessoas gravemente feridas e dez mortas.
Em seguida, na 18ª posição, está outro
trecho da BR-116 - compreendido entre os quilômetros 0 e 10. Lá, ocorreram 56
acidentes graves e 17 mortes. Na 46ª posição, está a BR-020, entre os
quilômetros 10 e 20. Nela, foram registrados 44 acidentes graves, 47 pessoas
gravemente feridas e 17 mortes. O trecho entre os quilômetros 10 e 20 da BR-222
ficou na 61ª posição e, em 166º lugar, a BR-020 - entre os quilômetros 0 e 10.
Campanha
De hoje ao próximo dia 30 de novembro,
a PRF realiza, nos locais onde foram registrados os acidentes de maior
gravidade nas rodovias federais do Ceará, a Operação Trechos Críticos.
Conforme o órgão, o objetivo é coibir
acidentes relacionados ao excesso de velocidade, embriaguez ao volante,
ultrapassagens proibidas, não uso do cinto de segurança e acidentes envolvendo
motocicletas - historicamente com elevados índices de gravidade e letalidade.
A PRF mapeou os trechos com maior
número de acidentes para direcionar as ações de fiscalização, visando prevenir
acidentes. Policiais lotados em outras regiões do Ceará reforçarão o efetivo
diário das unidades operacionais, onde ficam os trechos críticos, para que seja
feita uma fiscalização contínua e ininterrupta. Etilômetros, radares de
velocidade e policiais motociclistas também serão utilizados.
Flávio Cunto, professor do Departamento
de Engenharia de Trânsito da Universidade Federal do Ceará (UFC), comenta que,
no caso da BR-222, trata-se de um trecho que funciona todo como via urbana e
não como rodovia, gerando uma incompatibilidade entre a velocidade dos veículos
e o restante dos usuários: ciclistas e pedestres. "Nós temos atividades
ocorrendo dos dois lados da via, comerciais, religiosas, escolares, então as
pessoas precisam atravessar".
O especialista acrescenta que a rodovia
tem bons parâmetros operacionais, que levam ao aumento da velocidade. Mas, ao
mesmo tempo, está dentro de área urbana, aumentando o risco de acidentes. Ele
defende que seja feito um estudo cuidadoso levando em conta o uso do solo na
lateral da rodovia, analisar uma forma da as pessoas fazerem a travessia com
segurança naquela região, se necessário, com semáforos para pedestres, e
aumentar a fiscalização, sobretudo de velocidade.
919 multas registradas após alteração na legislação
Para tentar coibir infrações de
trânsito nas rodovias federais, 11 artigos do Código de Trânsito Brasileiro
foram alterados, em maio deste ano, tornando mais rígida a legislação. Com as
mudanças, que começaram a valer no último dia 1º de novembro, algumas multas
passaram a ter valores até dez vezes maiores.
Nos primeiros 14 dias após a mudança na
legislação, 919 autuações foram registradas pela Polícia Rodoviária Federal
(PRF) em todo o Estado. Ultrapassar pela contramão linha de divisão de fluxos
opostos, contínua amarela, foi a campeã, com 467 autuações, 50,8% do total. Em
seguida, está ultrapassar pelo acostamento (42,9%), forçar passagem entre
veículos que transitam sentidos opostos na iminência de realizarem
ultrapassagem (4%), ultrapassar pela contramão nas pontes (1,9%) e ultrapassar
pela contramão nos viadutos (1%).
Alexandro Batista, chefe da comunicação
social da PRF, salienta que, com as alterações na legislação brasileira, a
tendência é diminuir a gravidade dos acidentes registrados e os danos patrimoniais.
Para ele, boa parte dos sinistros poderia ser evitada com direção defensiva.
Fonte: Diário do Nordeste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário