A 100ª Reunião do Comitê
Integrado de Combate à Estiagem, realizada na manhã desta
segunda-feira (24) no auditório do Corpo de Bombeiros, em Fortaleza, não trouxe
boas notícias para o sertajeno. Enquanto o ministro na Integração Nacional, Francisco Teixeira, admitiu que
vivemos a pior seca dos últimos 60 anos, o secretário de Desenvolvimento
Agrário e presidente do Comitê, Nelson Martins, se disse cético em relação a
uma boa quadra chuvosa, embora tenha ressaltado que a previsão oficial só será
divulgada em dezembro.
“Somente em
dezembro teremos uma posição mais concreta sobre o assunto, mas as previsões,
infelizmente, não são boas. Estamos nos preparando para enfrentar o pior
cenário”, afirma Nelson.
Sobre a estiagem que afeta a região Sudeste, o ministro Francisco
Teixeira se disse preocupado. “Se as chuvas não forem capazes de recarregar o
sistema de abastecimento do Sudeste, poderemos ter a maior tragédia de água no
Brasil na região”.
Apesar do quadro
que se desenha, o ministro Francisco Teixeira garante que a situação é bem mais
confortável do que em épocas passadas. “Todos nós nos lembramos da época em que
o sertanejo faminto invadia e saqueava o comércio das cidades. Apesar de três
anos de estiagem e praticamente entrando no quarto, isso não acontece hoje em
dia graças a essa integração entre os governos federal e estaduais que permite
a convivência com a seca”.
Transposição
O titular do Ministério
da Integração Nacional ressalta
que o governo vem atuando em três frentes para minimizar os problemas
ocasionados pela estiagem: em ações emergenciais, como a utilização dos
carros-pipas; no atendimento à população, através de vários programas sociais,
e com obras estruturantes, sendo a maior delas a transposição do Rio São
Francisco.
“A transposição
está caminhando. Temos 67,5% dos eixos norte e leste concluídos. A previsão é
de que até o fim de dezembro cheguemos a 70% . O objetivo é finalizar até o fim
de 2015. Emergencialmente, estamos atendendo à população rural com 6.500
carros-pipa”. Questionado em relação à qualidade da água que está sendo
ofertada por esse serviço, Teixeira explicou que, “com a seca mais severa a
cada ano, os pequenos e médios reservatórios vão ficando sem água. Quanto menos
água, mais baixa a qualidade dela”.
Apesar disso, Teixeira garantiu que a operação dos carros-pipas busca prioritariamente água nos
grandes reservatórios e realiza a aplicação de cloro ou faz outro tipo de
tratamento”. Teixeira contou ainda que, no âmbito das discussões que
acontecerão ainda essa semana, está a possibilidade de se implantar estações de
tratamento portáteis nos carros-pipa.
O ministro Francisco Teixeira frisou que o Nordeste já tem experiência
em lidar com a seca, por isso hoje não sofre tanto. “O Sudeste e o Sul não têm
essa cultura e, em apenas um ano de inverno irregular, foram pegos de surpresa
com a atual escassez hídrica. É preciso saber conviver com ela, pois as mudanças climáticas já estão tornando os eventos mais
extremos. Com a subida da temperatura, as secas se tornarão mais severas. O
mesmo acontecerá com as chuvas. Temos que estar preparados para esse período a
fim de armazenarmos o máximo de água”.
Fonte: Diário do
Nordeste.
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