Candidato derrotado
ao governo do Ceará, o senador Eunício Oliveira (PMDB) repete um colega de
partido e diz: "O PT é uma harpa paraguaia. Porque a harpa normal se toca
para frente e para trás. A harpa paraguaia só se toca para dentro".
O líder do PMDB foi
derrotado no segundo turno para o petista Camilo Santana, 46, aliado dos irmãos
Cid e Ciro Gomes (Pros).
Ele ataca a
legislação eleitoral, que permite que um aliado de Dilma, ele, no caso, tenha
como adversário na eleição estadual um candidato do partido da presidente.
"Eu sou aliado
a Dilma no plano nacional e tem um candidato do partido contra mim no plano
estadual. Não vê como isso é estranho? O Supremo errou quando cortou a
verticalização das eleições. Isso está errado. A Suprema Corte também
erra."
A seguir, trechos
de sua entrevista à Folha.
Folha - Henrique
Eduardo Alves, do PMDB e presidente da Câmara, reclamou do apoio que o PT deu
ao adversário dele, Robinson Faria, que acabou eleito governador no Rio Grande
do Norte. Como o sr. avalia a participação do PT nacional no Ceará? Foi
cumprido o prometido?
Eunício Oliveira - A eleição passou. Eu aceito as coisas com naturalidade. Tive quase 2 milhões e 100 mil votos do povo cearense e é isso que eu quero levar dessa eleição. Em relação à participação nacional do PT prefiro guardar minha avaliação para mim mesmo. Não quero externar nenhum juízo de valor. Faço minha autocrítica e espero que eles façam também a deles.
Ficou algum trauma
das urnas que pode azedar a relação dos dois partidos no plano nacional?
Sinceramente, mágoa nenhuma. Mas é como disse hoje meu amigo Luiz Henrique [senador do PMDB-SC]. O PT é uma harpa paraguaia. Porque a harpa normal se toca para frente e para trás. A harpa paraguaia só se toca para dentro.
E o senhor concorda com essa avaliação?
Você tem alguma dúvida disso (risos)?
Mas o PT não enviou nem a Dilma nem o Lula para pedir votos para o adversário do senhor. Eles não teriam cumprido parte do acordo?
Eu sou aliado a Dilma no plano nacional e tem um candidato do partido contra mim no plano estadual. Não vê como isso é estranho? O Supremo errou quando cortou a verticalização das eleições. Isso está errado. A Suprema Corte também erra. É feito por homens e mulheres. Nacionalmente eu pedia votos para o 13, mas, no Estado, não podia pedir para o 13, porque meu adversário é do PT. Essa legislação está equivocada. Precisa de uma reforma política já.
Em seu primeiro discurso após eleita, a presidente Dilma Rousseff (PT) sinalizou a necessidade de uma reforma política e o desejo de realizar um plebiscito, mas alguns líderes do seu partido já mostraram resistência em relação a este segundo ponto. O sr. vê viabilidade na realização do plebiscito?
Eu sou líder do PMDB do Senado e lhe digo: isso não passa dessa forma. O Congresso vai derrubar se vier dessa forma. Nós entendemos que tem que existir um referendo, porque a população tem que ser ouvida. O Congresso aprova uma reforma política, e a população vota se quer ou não. O plebiscito não tem sentido. Acabamos de passar por uma eleição. Vamos passar por outra para aprovar uma Constituinte? Não existe isso. Na democracia deve-se respeito ao Parlamento como aos outros poderes. Se vier dessa forma eu encaminho contra.
E em relação àqueles peemedebistas que não fecharam apoio com Dilma? Ainda existe o racha no partido? Fala-se da eleição de Eduardo Cunha, líder do bloco dos dissidentes, para a Câmara em 2015...
Disputa de mesa é normal. O PMDB não pode se candidatar? Por que não? O PT não disputou com o PMDB no Rio, sendo que o Pezão disputava a reeleição? Então pode existir disputas internas, mas não quando a preferência é do PT? É de novo a história da harpa.
Fechado o segundo turno, o PMDB foi o partido com mais governadores eleitos nos Estados, sete, ao todo. Isso força uma maior proximidade da presidente com a bancada peemedebista? Aumentará a composição de nomes do partido no ministério?
Sinceramente, mágoa nenhuma. Mas é como disse hoje meu amigo Luiz Henrique [senador do PMDB-SC]. O PT é uma harpa paraguaia. Porque a harpa normal se toca para frente e para trás. A harpa paraguaia só se toca para dentro.
E o senhor concorda com essa avaliação?
Você tem alguma dúvida disso (risos)?
Mas o PT não enviou nem a Dilma nem o Lula para pedir votos para o adversário do senhor. Eles não teriam cumprido parte do acordo?
Eu sou aliado a Dilma no plano nacional e tem um candidato do partido contra mim no plano estadual. Não vê como isso é estranho? O Supremo errou quando cortou a verticalização das eleições. Isso está errado. A Suprema Corte também erra. É feito por homens e mulheres. Nacionalmente eu pedia votos para o 13, mas, no Estado, não podia pedir para o 13, porque meu adversário é do PT. Essa legislação está equivocada. Precisa de uma reforma política já.
Em seu primeiro discurso após eleita, a presidente Dilma Rousseff (PT) sinalizou a necessidade de uma reforma política e o desejo de realizar um plebiscito, mas alguns líderes do seu partido já mostraram resistência em relação a este segundo ponto. O sr. vê viabilidade na realização do plebiscito?
Eu sou líder do PMDB do Senado e lhe digo: isso não passa dessa forma. O Congresso vai derrubar se vier dessa forma. Nós entendemos que tem que existir um referendo, porque a população tem que ser ouvida. O Congresso aprova uma reforma política, e a população vota se quer ou não. O plebiscito não tem sentido. Acabamos de passar por uma eleição. Vamos passar por outra para aprovar uma Constituinte? Não existe isso. Na democracia deve-se respeito ao Parlamento como aos outros poderes. Se vier dessa forma eu encaminho contra.
E em relação àqueles peemedebistas que não fecharam apoio com Dilma? Ainda existe o racha no partido? Fala-se da eleição de Eduardo Cunha, líder do bloco dos dissidentes, para a Câmara em 2015...
Disputa de mesa é normal. O PMDB não pode se candidatar? Por que não? O PT não disputou com o PMDB no Rio, sendo que o Pezão disputava a reeleição? Então pode existir disputas internas, mas não quando a preferência é do PT? É de novo a história da harpa.
Fechado o segundo turno, o PMDB foi o partido com mais governadores eleitos nos Estados, sete, ao todo. Isso força uma maior proximidade da presidente com a bancada peemedebista? Aumentará a composição de nomes do partido no ministério?
O PMDB aumentou sua
força no país. Essa questão de ministério para mim é secundária. Por mim o PMDB
nem aceitava nenhum ministério nesse governo. Nosso apoio não foi por cargo foi
em nome de um projeto. E somos hoje o maior partido do Brasil. Sai eleição e
entra eleição e o PMDB sempre sai mais forte. Quem não tem tamanho desqualifica
o PMDB, mas a população vai lá e mostra que quer o PMDB novamente. É sempre
assim. Em relação ao governo Dilma nós não somos agregados. Nós somos o
governo. Meu presidente [do partido] é o vice-presidente da República, o Michel
Temer. Nós estamos fortalecidos em nome de um projeto maior.
Com essa
capilaridade, qual é o projeto do PMDB para 2018?
Eu defendo
candidatura própria para presidente. Eu e uma ala importante do partido
defendemos isso. O PMDB não precisa ficar à sombra de ninguém. É o maior
partido do Brasil.
O sr. defende então o rompimento com o PT para 2018?
Eu defendo que o PMDB lance candidatura própria. Cada partido é livre para seguir seu rumo. Se eles quiserem caminhar em outra posição que fiquem à vontade.
O sr. defende então o rompimento com o PT para 2018?
Eu defendo que o PMDB lance candidatura própria. Cada partido é livre para seguir seu rumo. Se eles quiserem caminhar em outra posição que fiquem à vontade.
O governador Cid Gomes tem sido cotado para ser ministro de Dilma nesse segundo
mandato. O que o sr. acha disso?
Primeiro eu não tenho poder de vetar uma indicação da presidente. Segundo,
mesmo que tivesse, não agiria dessa forma, pois qualquer coisa que seja
favorável ao meu Estado eu aprovo. Terceiro porque não faço política com ódio
ou ressentimento.
Na véspera da
eleição estadual o sr. chegou a declarar que o governador usou a máquina do
governo para 'esmagar' sua candidatura. O que especificamente foi feito na
disputa?
Quem andou em
Fortaleza no dia das eleições viu nas ruas mais um milhão de camisas amarelas
[cor do adversário Camilo Santana] sendo distribuídas com dinheiro dentro, algo
em torno de R$ 70. Na cidade de Quiterianópolis ficamos sabendo que o governo
deu feriado nas escolas, prometeu adutora e que ia asfaltar as ruas. Isso na
véspera da eleição. Aí, eu que nas pesquisas tinha lá 80% do eleitorado passei
a ter 20%. Inverteu o processo. Isso é uso da máquina ou bênção de Deus?
O sr. também
reclamou nestas eleições dos ataques que recebeu do atual secretário de Saúde
do Ceará Ciro Gomes...
Ele é um
desequilibrado. Estava desesperado achando que ia perder o governo, porque ele
acha que aquilo é dele e ninguém pode tomar. Levantei 19 processos contra ele,
por injúria, difamação e danos morais. Quando receber o dinheiro dele já
sinalizei que vou doar tudo para uma instituição que cuida de drogados.
O novo governador
Camilo Santana assume com ampla maioria na Assembleia Legislativa. Qual será a
posição do sr. a partir de agora no Estado? Muito tem se falado do desejo do
sr. de organizar a oposição no Ceará...
O PMDB é a partir de agora oposição no Ceará. Faremos uma oposição propositiva,
e não raivosa. Oposição assina CPI, faz o que precisa ser feito. Aquele
parlamentar que for cooptado e quiser fazer parte do governo nós vamos brigar
para que ele perca seu mandato na Justiça. A legislação eleitoral exige
fidelidade partidária e nós vamos fazer valer isso. Vamos fiscalizar o governo.
Embora tenha
perdido em 149 municípios do Ceará, o sr. conseguiu vencer em Fortaleza, que é
administrada por um prefeito ligado a Cid Gomes. Isso credencia o PMDB para
concorrer daqui a dois anos?
O PMDB vai lançar
candidatura em Fortaleza e na maioria dos municípios cearenses. Eu vou
coordenar isso particularmente em 2016. Saímos extremamente fortalecidos das
urnas. Tivemos 57% dos votos na capital. Ganhamos em todas as cidades da região
metropolitana, menos duas. Ou seja, estamos fortes.
Fonte: Folha de S.
Paulo.
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