A expressão "tirar leite de
pedra" não é apenas uma figura de linguagem no Ceará. O termo pode ser
aplicado literalmente quando o assunto é a produção leiteira do Estado. Com
mais de 90% de seu território encravado no semiárido, que se caracteriza pela
distribuição irregular das chuvas, e enfrentando três anos consecutivos de
seca, o Estado vive um cenário antagônico de superprodução da atividade
leiteira.
De acordo com Álvaro Carneiro Júnior,
presidente da Câmara Setorial do Leite - órgão vinculado à Agência de
Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), nos últimos três anos a produção de
leite do Ceará deu um salto qualitativo e quantitativo, crescendo em torno de
35%. "Hoje a nossa pecuária leiteira é a mais 'tecnificada' do Nordeste.
Somos o terceiro maior produtor da Região, atrás apenas de Bahia e Pernambuco.
Aqui há empresas (indústrias de beneficiamento) com produção alta e tecnologia
de ponta. E há mais empresas entrando no mercado", informa.
Outro indutor de desenvolvimento do
setor foi a criação, em 2013, do projeto Leite Ceará, voltado aos pequenos
produtores, para dar acesso à tecnologia e assistência técnica a estes
pecuaristas. "Essa é uma iniciativa importante porque para o grande
(empresário) todo mundo quer vender, mas para o pequeno não é fácil. Mas hoje
com esse projeto, os pequenos tem um custo barato para investir em tecnologia.
Todos participam com uma parte", complementa.
Mais indústrias no CE
O presidente da Câmara do Leite informa
ainda que a meta dos produtores cearenses de leite é trazer mais indústrias de
grande porte ao Estado para comprarem o leite produzido aqui, solucionando o
impasse da superprodução de leite em contraponto a pouca demanda.
"O Ceará é muito forte na produção
de queijo coalho. Então, grande parte do nosso leite vai para queijarias. Hoje
fornecemos para a Lacticínios Betânia, a Cooperativa de Maranguape, a Coocentral,
a Danone e para mais uns 20 lacticínio pequenos. Mas ainda é pouco",
reconhece.
Em 2015, os produtores ganham uma nova
indústria no Estado para fornecerem sua produção de leite. Uma fábrica de leite
em pó será instalada na sede de uma das três maiores bacias leiteiras do Estado
- Iguatu, Morada Nova ou Quixeramobim.
A decisão foi tomada durante reunião da
Câmara Setorial do Leite realizada em 17 de novembro último. A elaboração do
projeto industrial será coordenada pela Adece, que definirá onde ele será
instalado e será sócia dos empresários no empreendimento, que terá investimento
da ordem de R$ 20 milhões. A perspectiva é que a fábrica chegue a produzir 400
mil litros de leite em pó por dia.
Beneficiamento
Nas indústrias de beneficiamento do
leite já em operação no Ceará, o cenário também é promissor. Segundo Henrique
Girão, presidente do Sindicato dos Lacticínios do Ceará (Sindlaticínios) -
entidade filiada à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) -, a
captação de leite nas indústrias do Ceará cresceu aproximadamente 60% entre
2013 e 2014.
"Apesar de ter ocorrido 25% de
queda em 2013 em relação à 2012 no que se refere a captação das indústrias
cifadas (com inspeção federal) no Estado, em 2014, comparativamente a 2013,
ampliamos a captação em quase 60%. Ou seja, de 2013 a 2014 experimentamos um
crescimento entre 55% e 60%.
As indústrias (de beneficiamento do
leite) existentes no Estado estão operando com capacidade máxima. A maioria
está realizando investimentos e ampliando seus parques industriais",
resume. (AC)
Fonte: Diário do
Nordeste.
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